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Espera por consulta na rede pública de saúde do DF chega a 2,5 anos

Na auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal para avaliar a qualidade do atendimento nas Unidades Básicas de Saúde do DF, entre julho e outubro de 2014, foram verificados diversos problemas de gestão que afetam a qualidade dos serviços oferecidos. Um dos exemplos é a fila de espera por consultas que passa de dois anos e meio, dependendo da especialidade. O número excessivo de profissionais de saúde em cargos administrativos também chama atenção. São 1.528. Desses, 442 são médicos, como cirurgiões, anestesistas e oncologistas.

No relatório final, os auditores do TCDF concluíram que as necessidades de saúde da população não são atendidas. Entre os motivos estão a deficiência de articulação entre os diversos setores da Secretaria de Estado de Saúde (SES/DF); a falta de planejamento; a carência de profissionais de saúde; a alta rotatividade de servidores na Atenção Básica; o excesso de médicos e enfermeiros em áreas administrativas; escassez de materiais, principalmente medicamentos; cobertura reduzida da Estratégia de Saúde da Família; e infraestrutura precária da unidade.

Segundo a investigação, há uma demanda enorme por profissionais de saúde na Atenção Básica. Como exemplos, os auditores do TCDF citaram os Centros de Saúde 02 de Brazlândia e 02 do Itapoã. Neles, em 2014, o déficit atingia até 100% nas especialidades Clínica Médica e Pediatria. Ou seja, não havia clínicos, tampouco pediatras nessas unidades.

Também foi apontada uma demora excessiva na marcação de consultas com especialistas. Havia 20.233 solicitações para atendimento em Cardiologia e 8.702 para Neurologia-Pediatria. O tempo de espera era de dois anos e seis meses para ambas especialidades. Em cirurgia pediátrica, havia 5.163 pedidos e a espera era de dois anos e cinco meses. Gastroenterologia-pediatria, dois anos e três meses. Dermatologia infantil, dois anos e dois meses. Dermatologia, dois anos. Onco-hematologia, um ano. A lista é extensa e inclui outras áreas.

A fiscalização também apontou a deficiência na estrutura de tecnologia da informação. Segundo a própria SES/DF, 42,37% da Rede de Atenção Básica não possuem acesso à internet e a quantidade de computadores disponíveis é insuficiente para atender as unidades de saúde. Segundo o relatório de auditoria, a falta de um sistema informatizado, a ausência de prontuário eletrônico e a carência de informações fornecidas pelos médicos comprometem o tratamento e o encaminhamento dos pacientes entre as diversas unidades de saúde.

Além disso, a Secretaria de Saúde realiza um levantamento insuficiente das necessidades da população. Essa é a opinião de 65% dos gerentes das Unidades Básicas de Saúde visitadas durante a fiscalização. A auditoria também mostrou que a SES/DF foca no tratamento da doença e não na ampliação da prevenção ou no diagnóstico. Há, ainda, baixa execução orçamentária do Fundo de Saúde do DF no que diz respeito à Atenção Básica, mesmo sendo ela a porta de entrada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ordenadora do cuidado ao longo do tempo. O relatório complementa apresentando estudos que indicam que uma Atenção Básica estruturada e efetiva pode atender a 85% das necessidades de saúde da população.
 

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