20/03/2009
GDF PRETENDE RECORRER À DECISÃO DO TCDF
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) terá de mudar o edital do concurso para preencher as 750 vagas de soldado da corporação. A determinação é reabrir as inscrições dando oportunidade aos candidatos de nível médio. A decisão é do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) que julgou ser ilegal a exigência de curso superior para participar da seleção. As provas estão marcadas para 19 de abril e o período de inscrição já havia se encerrado há um mês. Isso significa que o calendário do concurso provavelmente será adiado.
Por unanimidade, os conselheiros do Tribunal, em sessão na tarde ontem, seguiram o voto do relator do processo, Renato Rainha. Este acatou o parecer técnico da 4 inspetoria de Controle Externo e da representaçãoo do Ministério Público junto ao TCDF. Os pareceres apontam para a inconstitucionalidade do decreto do governador José Roberto Arruda que alterou o grau de escolaridade para a seleção, elevando de nível médio para superior.
No entendimento do TCDF, apenas uma lei federal pode definir e alterar a regra. E a que já existe, a 11.134/2005, expressa que para ingressar na PM é preciso ter "nível médio ou superior". Segundo o Tribunal, a restrição imposta pelo decreto do governador é indevida. A determinação do TCDF é para que a "PM tome as providências necessárias para se adequar àlei federal". E que não reconhecerá a legalidade do concurso se ele prosseguir com a atual exigência.
"Não estamos discutindo se nível superior é bom ou não para a Polícia Militar. Analisamos apenas a legalidade da forma jurídica como essa exigência foi definida. Ela só é possível por lei de iniciativa do presidente da República", explicou Renato Rainha.
O GDF pode entrar com recurso no próprio TCDF, mas há poucas chances de reverter a decisão ou levar o caso para o Judiciário e tentar assim garantir o edital do jeito que está.
Outro questionamento do TCDF se refere à formação dos oficiais bombeiros. Os conselheiros pediram que a Procuradoria do DF explique os motivos da exigência de diploma de Direito para ingressar no curso de formação de oficiais do Corpo de Bombeiros.
Há um mês, o TCDF tinha decidido impedir a continuidade do concurso público para soldado da Polícia Militar. Determinou que o comando da corporação não passasse da fase de inscrição. O motivo era a dúvida sobre a legalidade da exigência de que os candidatos tivessem nível superior, que resultou na decisão de ontem.
O Cespe que é responsável pela organização do concurso não divulgou ainda o número de candidatos. Mas adiantou que a procura foi muito grande. O concurso para a PM do Acre, por exemplo, no ano passado atraiu 16 mil candidatos para 600 vagas. Enquanto nos outros estados, o salário inicia é de R$1,8 mil, no Distrito Federal é de R$ 4 mil.
Apesar do TCDF, Arruda tem reafirmado seu projeto de ter uma corporação de nível superior. "Deve prevalecer o bom senso e o interesse público, que nesse caso é de ter uma polícia a mais bem preparada possível. O policial de nível superior terá mais respeito por parte da comunidade. Está melhor preparado para exercer o policiamento moderno", destacou o governador quando o TCDF se manifestou contra o concurso pela primeira vez.
Arruda vem investindo na capacitação dos policiais militares. O decreto exigindo nível superior para os novos integrantes, assinado no ano passado, faz parte da nova política de segurança pública. Cerca 1,2 mil policiais militares estão cursando faculdade custeados pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Correio Braziliense - Blog da Samanta