31/07/2009
UM BALDE DE ÁGUA FRIA
O envio do plano de cargos e salários da Polícia Militar do DF e do Corpo de Bombeiros ao Congresso Nacional por projprojeto eto de lei e não por medida provisória criou um clima de insatisfação geral nos quartéis brasilienses. Após inúmeras reuniões, assembleias e uma carreata, promovida no dia 16, onde a categoria recebeu a promessa do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de que o PCS estava sendo revisado e que seria garantido o risco de morte, retroativo a abril deste ano, e as promoções de agosto.
Entretanto, o envio na forma de projeto de lei inviabiliza, na avaliação dos servidores, a sua votação na Câmara Federal e no Senado ainda em 2009. O PCS daria um realinhamento salarial com as promoções que estavam inseridas no projeto enviado pelo GDF à Casa Civil, desde 21 de abril. Ao saber da decisão do Palácio do Planalto, o governador José Roberto Arruda (foto) afirmou que fez o que pode para que o plano fosse enviado ao Congresso Nacional por medida provisória. Ele se reuniu diversas vezes com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e conversou com o presidente Lula na tentativa de agilizar a tramitação da proposta. Como apelo final, uma carta escrita de próprio punho por Arruda foi entregue a Lula.
O que resta agora, de acordo com o governador, é lutar para que a aprovação do projeto demore o menor tempo possível.
O Plano de Carlos e Salários dos policiais e bombeiros militares do Distrito Federal será entregue pelo governador José Roberto Arruda até quinta-feira (22) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O anúncio foi feito durante a solenidade de condecoração de 462 civis e militares com a medalha Ordem do Mérito Alferes Joaquim José da Silva Xavier Tiradentes, nesta quarta-feira (22).
Além de instituir a gratificação por risco de morte, o documento prevê a promoção de 6.595 policiais militares ainda este ano, a exigência de curso superior para ingresso na corporação e estabelece critérios para a ascensão profissional com base, principalmente, no tempo de serviço.“É o primeiro passo para dar à PM o mesmo tratamento que a Polícia Civil. É um compromisso importante com uma instituição que busca as suas melhorias através do diálogo, da negociação, sem politicagem”, observou o governador.
A partir desse ano, policiais e bombeiros militares passam a receber R$ 250 mensais a título de gratificação por risco. A cada ano serão adicionais R$ 150 mensais até que se atinja o patamar de R$ 1 mil, por mês, estabelecido no Plano de Cargos e Salários. Depois de alcançado este limite o valor será definitivamente incorporado ao salário do policial. “Diferenças acumuladas durante 20 anos não se resolvem do dia para a noite”, explicou Arruda. Segundo os cálculos do GDF, o impacto será de 3% na folha de pagamento, atualmente estimada em R$ 2,5 bilhões.
Outros pontos do Plano de Cargos e Salários
- Define que os quadros de oficiais e de praças serão regidos pelos mesmos princípios, critérios de promoções, prazos, interstícios e proporcionalidade;
- Incentivo à permanência no serviço ativo após a transferência para a reserva, mediante adicional de soldo pró- labore, incorporado em cinco anos na proporção de um quinto por ano. Esses policiais exercerão atividades de polícia comunitária, formação e capacitação, visando o aproveitamento da experiência profissional;
- Modifica a estrutura piramidal existente. Diminui os cargos da base e aumenta os graus dos níveis hierárquicos acima da base, passando a uma pirâmide proporcional;
- Estabelece o princípio da presunção da inocência, possibilitando promoções na fase processual e impedindo-as somente quando o policial houver sido condenado;
- Aumenta os limites etários para o serviço ativo a fim de possibilitar a carreira dos mais idosos sem, no entanto, prejudicar a ascendência e as promoções;
- Amplia a competência dos oficiais da administração para trabalhar em atividades operacionais com acesso ao serviço voluntário gratificado;
- Promove por antiguidade praticamente em todos os postos e graduações, permanecendo o critério de merecimento somente no último posto de cada quadro. Os critérios de avaliação serão objetivos de desempenho por mérito;
- Propõe escolaridade de nível superior para todos os postos e graduações. A adequação dos que já estão na ativa se dará em, no máximo, cinco anos, exigindo-se curso superior após esse período para todos os cursos realizados;
- Propõe a equivalência dos percentuais para recebimento da gratificação de certificação profissional (cursos) de oficiais ou de praças e cria o curso de altos estudos para praças;
- Estabelece as mesmas datas de promoção para oficiais e praças na PM e Corpo de Bombeiros;
- Cria postos e graduações em quadros de oficiais e praças que estavam trancados por não possuírem tais graus hierárquicos, como é o caso dos dentistas, dos capelães veterinários e também da banda de música;
- Acesso de praça ao quadro de oficiais da administração, já a partir de terceiro sargento com o curso de aperfeiçoamento;
- Prevê que todos os ingressos nas corporações remetem à realização de um curso de formação que estabelecerá a escala hierárquica por mérito no curso. Todos os ingressos nos diversos quadros se darão no mesmo grau hierárquico.
Medalha
A Ordem do Mérito Tiradentes foi criada em l980 para homenagear civis e militares que tenham colaborado com o desenvolvimento e desempenho das atividades da Polícia Militar do Distrito Federal.
Neste ano, os comandantes gerais da Polícia Militar dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Paraíba e Bahia, além do comandante geral do Corpo de Bombeiros do estado de Goiás receberam a distinção.
Tradicionalmente a entrega das medalhas ocorre no aniversário da corporação, comemorado no dia 13 de maio. Neste ano, excepcionalmente, a cerimônia de condecoração foi antecipada. No próximo dia 13,a PMDF completa 200 anos e outorgará, nesta data, a medalha do Bicentenário.
Jornal de Brasília - Ponto do Servidor