O relatório final da auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal para avaliar a oferta dos serviços de endoscopia e colonoscopia na rede pública de saúde revelou falhas graves de gestão. Faltam profissionais qualificados, além de remédios e insumos básicos para a realização dos exames que detectam alterações e doenças em órgãos como o esôfago, o estômago, o duodeno e o intestino.
Pinças de biópsia, frascos coletores e agulhas estão entre os itens que mais faltaram para a realização desses procedimentos. Faltam também insumos como a lidocaína, um tipo de anestésico utilizado para aliviar o desconforto durante o exame.
Por falar em desconforto, a auditoria do TCDF apontou a ausência de salas aptas para realização de endoscopias e colonoscopias, bem como para recuperação dos pacientes. Para se ter uma ideia, no Hospital Regional de Taguatinga, há buracos no teto, infiltrações nas paredes, aparelhos de ar-condicionado quebrados, macas enferrujadas, poltronas rasgadas e equipamentos quebrados nas áreas destinadas à realização de exames e ao repouso dos pacientes.
Situação parecida foi encontrada no Hospital Regional de Santa Maria, onde a realização dos exames foi interrompida após inconformidades encontradas em uma inspeção realizada pela Vigilância Sanitária.
Outra sala havia sido desativada no Hospital Regional da Asa Norte com a justificativa de adequação sanitária em decorrência da pandemia da Covid-19. Mas, quando a equipe do TCDF visitou o local, a sala ainda não havia sido reativada, sob a alegação de que o hospital só dispunha de uma torre endoscópica operante. Ainda no HRAN, apesar de haver um aparelho de broncoscopia, próprio para realização de endoscopia respiratória, falta local adequado para a realização dessa análise nas vias aéreas.
Para agravar a situação, diversos equipamentos estão inoperantes. Os auditores do Tribunal identificaram pelo menos 40 tubos endoscópicos nessa situação. Para se ter uma ideia da relevância do material, cada sala apta à realização de exames endoscópicos deve possuir, no mínimo, uma torre endoscópica, três tubos e uma máquina para limpeza dos tubos.
A higienização dos equipamentos também está comprometida. O relatório do TCDF revela que, ao menos, nove máquinas de limpeza estão quebradas e sem perspectiva de conserto. Foi apontada, ainda, a falta de escovas e de glutaraldeído, um desinfetante bactericida próprio para a esterilização dos tubos usados nas endoscopias digestivas. Diante da situação, a limpeza está sendo feita manualmente pelos profissionais de saúde.
A fiscalização do TCDF relevou também a falta de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Só no Hospital de Base, há um déficit de 42 profissionais de saúde capacitados para a realização de procedimentos endoscópicos. Além disso, o relatório final de auditoria do TCDF destaca que é necessária a realocação de profissionais com capacitação para realizar exames de endoscopia, atualmente desempenhando outras atividades, de forma a melhor a aproveitar salas e equipamentos disponíveis.
O TCDF determinou à Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) e ao Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGES/DF) uma série de medidas para melhorar a oferta dos exames de endoscopia e colonoscopia na rede pública de saúde e reduzir a fila de espera com mais de 21.500 pacientes. O Tribunal deu um prazo de 180 dias para que a SES/DF e o IGES/DF encaminhem relatório com as medidas adotadas para sanear as falhas apontadas no relatório final de auditoria.