Os bastidores do processo de escolha do local da construção de Brasília guardam uma história peculiar. Em meados da década de 1950, havia uma certa disputa entre o quadrilátero onde hoje fica o Distrito Federal e o local onde atualmente está a cidade de Tupaciguara/MG.
Segismundo Mello, que antes de se tornar ministro do TCDF havia sido presidente da Novacap e Prefeito de Brasília, foi quem convenceu o então presidente Juscelino Kubitschek e Israel Pinheiro de que o quadrilátero goiano era opção melhor que a cidade mineira.
Para isso, organizou um livreto intitulado Nova Capital do Brasil: estudos e conclusões e incluiu, na abertura da publicação, uma menção ao sonho de Dom Bosco – sabendo que Israel Pinheiro era devoto do santo e que, como responsável pela construção da nova capital, tinha grande influência sobre a decisão de JK.
Ocorre que o texto original da profecia de Dom Bosco dizia que uma terra prometida, “onde correrá leite e mel”, apareceria “entre os graus 15 e 20”. Diante de uma localização tão vaga – e que também incluía a região de Tupaciguara –, Segismundo Mello colocou no livreto uma foto de Dom Bosco, com uma legenda de autoria própria e que delimitava melhor o local: “São João Bosco, que profetizou uma civilização no interior do Brasil, de impressionar o mundo, à altura do paralelo 15, onde se localizará a nova Capital Federal”. Foi essa legenda que tornou mundialmente conhecido o sonho de Dom Bosco e que ajudou a definir o local onde Brasília foi construída.