O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) vai analisar uma nova denúncia apresentada nesta quarta-feira, dia 19 de novembro, sobre possíveis irregularidades envolvendo operações financeiras realizadas entre o Banco de Brasília S.A. (BRB) e o Banco Master, atualmente em liquidação extrajudicial.

A representação, protocolada no TCDF no início da noite, traz indícios de que as operações para compra de carteiras de crédito poderiam ter sido realizadas com o objetivo de contornar a restrição imposta pelo Banco Central (Bacen) para a aquisição do Banco Master pelo BRB.

No documento, o Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) informa que o BRB respondeu a questionamentos do órgão argumentando que as operações suspeitas integram sua estratégia de gestão e reciclagem de carteira de crédito, adotada desde 2021 com o objetivo de otimização de capital, aumento de eficiência e ampliação de resultados. Segundo a instituição financeira, entre 2022 e 2025, teriam sido realizadas transações semelhantes com mais de dez instituições financeiras e, no caso do Banco Master, as negociações iniciadas em 2024 teriam envolvido carteiras de crédito consignado e cartão consignado.

De acordo com o MPC/DF, os novos fatos sugerem possíveis falhas de governança, ausência de diligência prévia adequada e riscos ao erário distrital. O órgão destaca que as respostas apresentadas pelo BRB não vieram acompanhadas dos documentos comprobatórios que fundamentariam as operações.

O TCDF vai analisar o pedido de medida cautelar para que o BRB se abstenha de realizar pagamentos ao Banco Master e a possibilidade de o corpo técnico fazer inspeções e diligências para apurar o caso.

Essa representação deve ser juntada ao processo 00600-00003617/2025-75, por meio do qual a Corte já fiscaliza as transações entre os dois bancos e analisa outra representação, protocolada por parlamentar da Câmara Legislativa do DF.

Sobre o caso

Nessa terça-feira, dia 18 de novembro de 2025, a Polícia Federal deflagrou a operação Compliance Zero, que resultou na prisão de executivos e ex-executivos do Banco Master e no afastamento temporário da diretoria do BRB por 60 dias, incluindo o presidente da instituição financeira. As investigações apontam suspeitas de fabricação de carteiras de crédito insubsistentes, posteriormente negociadas com o BRB, e de possíveis substituições desses ativos sem avaliação técnica adequada. As suspeitas alcançaram ainda empresas intermediárias, que teriam gerado créditos fictícios posteriormente adquiridos pelo banco público.